Saiba o quanto a prática de atividade física me ajudou no tratamento do câncer

Saiba o quanto a prática de atividade física me ajudou no tratamento do câncer

Após participar da Corrida de Revezamento Bertioga-Maresias no final de maio de 2010, durante uns quinze dias vinha sentindo uma dor nas costas que eu não dei muita bola, fui levando e em junho de 2010, tive que sair na metade de uma reunião na Oxigênio por conta de uma dor insuportável nas costas.
Um dos meus colegas de trabalho me levou para casa dirigindo meu carro, pois eu estava sem condições. Ao chegar no estacionamento do prédio saí do carro quase “de quatro”. A dor era insuportável. Era um sábado. De sábado para domingo quase não dormi, só dormia sentado.

Na segunda-feira fui ao massagista pensando que era uma mera contratura muscular. Maravilha! A dor tinha melhorado muito e fui trabalhar. Beleza, tudo bem. Na terça-feira, dia 08/06/2010, joguei a toalha. Pedi para minha esposa me levar no pronto-socorro, me deu um branco, não sabia qual hospital ir, lembrei que um amigo meu foi operado do apêndice no Hospital São Camilo e tem o mesmo plano de saúde que o meu. Fomos lá.

Chegando, passei pela triagem, me colocaram em uma cadeira de rodas e me encaminharam para consulta enquanto minha mulher preenchia minha ficha. Passei pelo médico, fui à radiologia com muita dor nas costas.

O médico analisando a radiografia, eu olhando com ele: “Doutor, tem alguma coisa errada, essa vertebra tá estranha! Achatada!”. Voltei à radiologia. Já tinha feito alguns Raios-X, agora ia fazer uma ultrassonografia. Voltando ao médico ele chamou seu colega que era especialista em coluna, a vertebra estava estranha com uma mancha no centro. Voltei para a radiologia novamente, agora para uma ressonância magnética, mas antes, fui ao centro de medicamento (dopagem), a dor melhorou muito. Fui fazer a ressonância, a coisa estava feia, a vertebra estava achatada e com um “buraco” no meio e havia uma bela fratura na T8.

O médico me disse: “Augusto, vou te internar, pois no hospital tenho recursos que poderão descobrir o que você tem, e se eu te mandar embora o seu diagnóstico sairá só daqui a dois meses”. Entrei no hospital na terça-feira do dia 08/06/2010. Minha esposa estava muito preocupada, chorando, eu disse pra ela: “Se você está pensando em ficar viúva, esquece! Você vai ter que me aguentar até os cento e vinte anos”. O ferrado é você, porém quem está ao seu lado é quem mais sofre.

Na quarta-feira, Doutor Y me apresentou o Doutor R, oncologista. “Xiii, a casa caiu!”. Fiquei preocupado, mas o Doutor Y me tranquilizou: “Augusto, a medicina está muito avançada, fique calmo!”. “Mas doutor, o senhor não esta entendendo! Em 2007 perdi um grande amigo, Linfoma tipo B, câncer no mediastino, só esperou o filho dele nascer para “ir embora”. Mas tudo bem, vamos encarar, e ir em frente”. Doutor Y: “Augusto vou pedir alguns marcadores tumorais (são substâncias que podem ser encontradas no corpo, normalmente no sangue, ou na urina, quando o câncer está presente. Junto com outros exames, os marcadores tumorais podem ser utilizados para ajudar a diagnosticar o tipo de câncer), dependendo do resultado talvez não seja eu que vou acompanhá-lo.”

Dois dias depois, na sexta-feira dia 11/06/2010, soube do resultado: *Mieloma Múltiplo. “Hein? O que é isso?”. Foi aqui que conheci a Doutora M e sua equipe hematologista: “Câncer no sangue”.

Comecei a primeira fase do tratamento: Dexametazona nas duas semanas finais com Talidomida, vinte e três dias internado com muita dor, à base de Tramal. Tomava o Tramal e ia caminhar pelo hospital, pelos corredores e escadas, depois voltava para o quarto. Foram difíceis os dias no hospital, não consigo ficar parado, sentado e nem deitado, precisava sair, andar, ver gente, apesar das visitas que vinham me ver. Quase no final do tratamento, o Doutor R pediu para eu fazer um colete, colete de Boston, para poder ter alta.

Na semana da alta, o Doutor R disse: “Augusto, tenho duas noticias, uma boa e outra não tão boa”. “Manda a boa!”. “Você não vai precisar operar a vértebra T8”. Alívio. “E a não tão boa é que você vai ter que fazer radioterapia”. Beleza, menos mal.
Dois dias antes da alta fui apresentado ao Doutor R.L da TMO (transplante de medula óssea). Fui fazer dez sessões de radioterapia, não senti nada, só na nona sessão um desconforto no esôfago, nada de comida condimentada durante 12 dias.

Fui para a segunda parte do tratamento, mais radical, quimioterápicos muito fortes e muito antibiótico como profilático pesado, muito pesado Nessa fase do tratamento coloquei cateter, foi minha primeira vez num centro cirúrgico.

No meu caso, ia todos os dias fazer o tratamento, tratar a medula óssea (destruir a velha medula para formação da nova medula e colher novas células tronco para transplante). O tratamento foi muito cansativo. Tomava os quimioterápicos e ia caminhar uns quarenta minutos. Entre idas e vindas, chegou um momento que eu fiquei muito estressado, pedi umas férias da equipe toda e me deram quatro dias.

Aproveitei bem esses dias: caminhei muito, fiz treinamento funcional só com peso corporal, até começar tudo de novo.
O cabelo ficou muito oleoso, pele ressecada nas dobras (bactrim), enfim chegou o grande dia da coleta de células tronco, quase quatro horas na máquina parecida com a diálise. No meu caso fiz o transplante autólogo (células tronco do paciente para ele mesmo).

Eu aprendi muito com o câncer. Você começa a ver a vida de uma forma diferente, passa a ter outros valores.
O meu diferencial em relação aos outros pacientes é que eu sempre fui muito ativo e sempre pratiquei atividade física, esportes diversos, com isso eu quebrei todos os protocolos de tratamento, terminei antes do previsto com uma ótima recuperação, não tive náuseas, vômitos, etc. Ia fazer determinado exame e os médicos perguntavam que doença eu tinha, pois eu não tinha “cara de doente” . Se você acha que atividade física é supérfluo, troque por remédio, mas se eu fosse você investiria em atividade física, não tem efeito colateral e faz muito bem.

*O Mieloma Múltiplo é uma doença maligna das células plasmáticas da medula óssea. É, portanto, uma neoplasia maligna hematológica muito parecida com a Leucemia. As células plasmáticas malignas também conhecidas como células do mieloma, acumulam-se na medula óssea e apenas raramente entram na corrente sanguínea como ocorre em uma Leucemia verdadeira. As principais características do mieloma resultam desse acúmulo progressivo de células do mieloma na medula, que provoca comprometimento da função da medula óssea normal, que costuma ser refletido pela presença de anemia, dano aos ossos adjacentes e falência renal. A sobrevida dos pacientes de MM são de trinta e cinco meses.

Professor Augusto, Coordenador Técnico da Musculação da Oxigênio

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